A matéria abaixo conta um pouco da trajetória da catarinense Thauane Ferreira Medeiros que fez da vida em São Paulo exemplo de força de vontade e superação. Fala de seus desafios, conquistas e vivências mais marcantes na modalidade. As informações contidas abaixo estão na íntegra do texto original publicado pelo Jornal União do ABC. Acompanhe toda a matéria:
A Campeã brasileira de xadrez conta as dificuldades de
seguir o esporte no Brasil
Publicado em 12 novembro 2013
Por Juliana Desirée
Thauane de Medeiros é campeã internacional de xadrez e não
vai desistir da carreira. Foto: Arquivo pessoal
A história da enxadrista e gremista de coração Thauane de
Medeiros certamente é um estimulo a força de vontade. Atualmente com 19 anos,
saiu da casa dos pais na cidade de Palhoça em Santa Catarina com objetivo de
jogar xadrez em São Paulo. Vive atualmente com dois amigos e paga as despesas
com muito esforço.
Uma de suas dificuldades desde que começou a jogar xadrez
aos 8 anos ainda na escola, é o fato de não receber patrocínio de nenhum tipo,
pois no Brasil o esporte é pouco difundido e não dá retorno na mídia, já que
não é televisionado e tão pouco é categoria olímpica. Mas, se atletas olímpicos
tem dificuldade de sobreviver do esporte (com exceção do futebol) no Brasil,
imagina viver de xadrez?
Thauane está tentando essa difícil realidade: além de dar aulas
de xadrez, ela escreveu um livro e hoje passa parte do seu tempo vendendo os
exemplares autografados em frente ao Masp, em São Paulo. Isso tudo porque ela
não consegue patrocinadores precisa pagar as inscrições dos torneios que variam
de R$80 a R$200, além das passagens, hospedagem, treinador, etc.
Ela escreveu um livro com noções básicas de xadrez e vende
no vão livre do Masp. Foto: Divulgação
Apesar das dificuldades, ela jura que não vai desistir de
seguir carreira e, no futuro, abrir sua própria escolinha de xadrez e explica:
“Por exemplo, em Cuba, Rússia, China e Japão a modalidade é muito mais
difundida e existe, inclusive, faculdade de xadrez. É algo que eles aprendem
ainda crianças, com quatro anos. A família inteira joga, então é uma tradição
mesmo. E como as crianças já nascem naquele meio, não tem como elas não
praticarem e, além disso, os pais exigem. No Brasil, a prioridade é o futebol,
enquanto os países de primeiro mundo abrem espaço para todas as modalidades.
Outra diferença enorme é que no Brasil o xadrez não tem mídia. Ao passo que, em
alguns países, você pode ver uma partida pela televisão, ao vivo”.
Thauane tem o sonho de tornar-se grande-mestre de xadrez,
que é o último título feminino. E acredita que quando virar mestre, as
oportunidades serão muito maiores. Mas para chegar lá, é preciso participar dos
torneios e ganhar títulos. Fora do Brasil, onde o xadrez é difundido nas
escolas, esses torneios importantes acontecem toda semana dentro da escola. Sem
falar que a premiação também é boa. Aqui, o prêmio não paga nem as despesas e ressalta: “Meu
outro sonho, desde menina, é ter uma escola de xadrez, para difundir a
modalidade e mostrar a sua importância.”
Campeã brasileira Sub-18 e sub-20, já representou o Brasil
em diversos torneios internacionais e ainda teve a honra de enfrentar em 2011,
o ícone mundial do xadrez, o russo Garry Kasparov.
Thauane de Medeiros é campeã internacional de xadrez e não
vai desistir da carreira. Foto: Arquivo pessoal
“A partida durou mais ou menos 1h40, com cerca de 48
lances. Poderia ter durado mais tempo, porém, eu desisti. Para quem joga
profissionalmente, seria antiético saber que vai perder e ir até o xeque-mate
(momento da derrota, quando o adversário deixa o seu rei sem movimentos
possíveis). Não seria legal com o mestre, então eu antecipei a minha derrota”.
Apesar de ter perdido, com certeza eu aprendi muito. Jogar contra o Kasparov
foi extremamente emocionante para mim. “Eu joguei com o ícone mundial do xadrez,
então foi muito importante”.
Em 2011 jogando com o russo campeão mundial Garry Kasparov.
Foto: Divulgação
Fonte:
Jornal União do ABC
Jornal União do ABC

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